Daniela Lima Safadi e Vinicius Vasconcelos. Fotos: Magaiver Fernandes

– Ele (prefeito Crivella) jogou para galera e esqueceu das famílias
que vivem do carnaval. Pegou o ponto fraco, falando que vai tirar o
dinheiro das escolas para dividir com as crianças. A escola de samba
gera, durante todo o período antes e depois do carnaval, centenas de
emprego. Temos necessidade de trabalhar o ano inteiro para o
desenvolvimento do desfile. Todo mundo tem família necessitada. Vai
tirar de um lado para dar para outro. Ele não foi feliz – comentou
Laíla, diretor de carnaval da Beija-Flor, que também comentou sobre uma
possível intolerância religiosa do prefeito. * CLIQUE AQUI PARA LER
Estiveram no protesto deste sábado integrantes de diversas escolas de
samba. Muitos levaram bandeiras e camisas de suas agremiações. O
comentarista Milton Cunha esteve o tempo inteiro na linha de frente do
protesto que foi organizado pelo grupo Sambistas da Depressão.
Para
Jorge Silveira, carnavalesco da São Clemente, a prefeitura tem que
entender a importância que o carnaval tem para cultura do Rio de
Janeiro.
– É muito mais que trabalho. É manifestação cultural e tem que se
tratada como tal. Se tivermos algum corte vai atrapalhar o conjunto do
trabalho e gerar menos emprego. Esperamos que o poder público possa
incentivar cada vez mais. Ninguém aqui é a favor de tirar dinheiro das
criancinhas, mas ninguém é tolo de acreditar que esse dinheiro sai das
criancinhas. Tem que ter mais diálogo e a prefeitura entender que essa é
a cidade do carnaval e ela não tem direito de fazer isso com a gente –
explicou o artista da São Clemente.
‘É um limite de inteligência de um sujeito que não sabe viver um sonho e fantasia de um povo que o elegeu’

– Essa decisão é um limite de inteligência de um sujeito que não sabe viver um sonho e fantasia de um povo que o elegeu. O desfile das escolas de samba é um grande empreendimento da cidade. A decisão não é justa. Não pode jogar para iniciativa privada. Noto que a postura do prefeito, que viajou novamente para Europa, é um absurdo. Essa economia surge logo aonde temos resultado. Quem tem que investir nesse momento é a prefeitura que arrecada. Estou muito preocupado, porque sou um apaixonado pelo carnaval. Torço que tenha outra solução. Acho até que a prefeitura tinha que investir mais no projeto carnaval – comentou.
O coreógrafo da comissão de frente da Beija-Flor, Marcelo Missailidis, também participou do projeto e disse ao CARNAVALESCO que vê com pesar a decisão da prefeitura em cortar a verba para o carnaval.
–
Especificamente para cidade do Rio de Janeiro o carnaval traz muitos
benefícios no sentido amplo. A cidade necessita de grande eventos para
se manter notada e o carnaval é fundamental para isso. Em Buenos Aires, o
tango é alimentado o ano inteiro e em todos os cantos da cidade. O Rio
de Janeiro concentra esse período no carnaval. É benéfico para rede
hoteleira, comércio e trabalhadores de todas áreas. A cidade é
concentrada de artistas. A decisão do prefeito chega a ser absurdo.
Independente das suas razões pessoas, ele tem que reconhecer os valores
culturais, senão, ele não está apto para administrar a cidade – afirmou.
Em seu primeiro ano na Série A, o carnavalesco do Cubango, Gabriel Haddad, disse que o corte na Série A e na Intendente Magalhães é muito triste e vai impactar no trabalho.
– Fico impressionado com essa atitude da prefeitura. O carnaval da Intendente é frequentado pelas pessoas dali. Fica muito cheio. Entender que a subvenção que a prefeitura da para o carnaval não movimenta retorno para ela própria tem alguma coisa errada. Falta bom senso. Não é uma atitude fiscal ou financeira da prefeitura. Tem ideia de ser agenda das igrejas. Na Cubango, nós vamos ter que nos precaver e tentar manter a festa – disse.
Em seu primeiro ano na Série A, o carnavalesco do Cubango, Gabriel Haddad, disse que o corte na Série A e na Intendente Magalhães é muito triste e vai impactar no trabalho.
– Fico impressionado com essa atitude da prefeitura. O carnaval da Intendente é frequentado pelas pessoas dali. Fica muito cheio. Entender que a subvenção que a prefeitura da para o carnaval não movimenta retorno para ela própria tem alguma coisa errada. Falta bom senso. Não é uma atitude fiscal ou financeira da prefeitura. Tem ideia de ser agenda das igrejas. Na Cubango, nós vamos ter que nos precaver e tentar manter a festa – disse.
Um
dos responsáveis pelo desfile da Unidos da Tijuca no Carnaval 2017 e
atual carnavalesco do Peruche, em São Paulo, o carnavalesco Mauro
Quintaes apontou que o momento é também para reestruturação do carnaval.
– A mobilização dos sambistas é importante. Espero que o prefeito se
conscientize que a cidade do Rio de Janeiro não é o quintal da casa
dele. Carnaval carioca é conhecido mundialmente. A manifestação server
para reestruturar o carnaval enquanto festa popular. Sem o carnaval, o
Rio não vai poder se mobilizar e movimentar. Culturalmente é a maior
festa do planeta. Acredito que temos o gatilho para os dirigentes e quem
comanda o carnaval conseguir reformular o carnaval como um todo e que
repensem nossa festa.
Sempre consciente de sua importância para o país e com grande militância política, o carnavalesco Cid Carvalho, da Beija-Flor e da Unidos de Bangu, disse que compareceu ao protesto para marcar que o samba não é despesa para o Rio de Janeiro.

Sempre consciente de sua importância para o país e com grande militância política, o carnavalesco Cid Carvalho, da Beija-Flor e da Unidos de Bangu, disse que compareceu ao protesto para marcar que o samba não é despesa para o Rio de Janeiro.
– O samba não é contra creche. O prefeito tem que entender que os R$ 3
bilhões que o carnaval injeta na cidade permite fazer muitas creches e
também investir no carnaval. Não encontro respaldo lógico na decisão do
prefeito. Parece que ele mistura o político com o bispo. Financeiramente
não tem embasamento nenhum. É questão de conta. Questão financeira não
é. O samba sobrevive desde sempre, ele agoniza, mas não morre. É mais um
percalço e dificuldade. Mais também é uma oportunidade do samba falar
que estamos aqui e daqui ninguém nos tira – finalizou Cid.
FONTE: CARNAVALESCO
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